sábado, novembro 12, 2005

A porta

Sabe quando você está sentado e uma porta perto de você se movimenta com o vento? E você sabe que ela vai bater e fazer um barulho enorme, mas você é incapaz de se levantar e impedir que isso aconteça?

É a apatia.

É a indiferença.

Apatia pelas conseqüências do barulho que será causado e indiferença total pela sina da porta em bater e causar estragos.

A porta acaba batendo com certa violência e você continua sentado no sofá, esparramado, com a sensação do nada mais presente do que nunca. Já sentiram o nada? O nada em sua infinita complexidade? Já tiveram os pensamentos tomados pela ausência de pensamento? O branco, o vazio da alma, sendo constante na mente? Se já, sabem bem do que eu estou falando.

E você fica sentado olhando a porta bater em câmera lenta, com os ouvidos preparados para não se assustarem com o barulho, continua olhando, olhando, como quem manda no universo naquele simples instante de movimento. Durante 3 segundos a eternidade é sua, e você faz a escolha mesquinha de não se levantar, de não mover uma palha pra mudar o curso daquela porta.

E ela bate! Bate com certa raiva pela sua apatia e indiferença. E você, sentado no trono, não percebe que aquela porta é a sua vida.